quarta-feira, 25 de outubro de 2017


                                  O Mito da caverna!


    imagens internet.

                                          Significado:

   O Mito da caverna é uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão, que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão acima dos sentidos.
   Também conhecida como Alegoria da Caverna ou Parábola da Caverna, esta história está presente na obra “A República”, criada por Platão e que discute, essencialmente, a teoria do conhecimento, linguagem e educação para a construção de um Estado ideal.
   O Mito da Caverna é um dos textos filosóficos mais debatidos e conhecidos pela humanidade, servindo de base para explicar o conceito do senso comum em oposição ao que seria a definição do senso crítico.
   Segundo o pensamento platônico, que foi bastante influenciado pelos ensinamentos de Sócrates, o mundo sensível era aquele experimentado a partir dos sentidos, onde residia a falsa percepção da realidade; já o chamado mundo inteligível era atingido apenas através das ideias, ou seja, da razão.
   O verdadeiro mundo só conseguiria ser atingido quando o indivíduo percebesse as coisas ao seu redor a partir do pensamento crítico e racional, dispensando apenas o uso dos sentidos básicos.
   Nesta narração, Platão nos convida a imaginar uma caverna onde dentro existem humanos que nasceram e cresceram dentro dessa mesma caverna. Eles nunca saíram, porque se encontram presos no seu interior. Os habitantes da caverna estão de costas voltadas para a sua entrada. Fora da caverna, existe um muro alto que separa o mundo exterior da caverna. Os homens existentes no mundo exterior mantêm uma fogueira acesa, e os ruídos que fazem podem ser ouvidos dentro da caverna. De igual forma, as suas sombras são refletidas na parede no fundo da caverna, e os seres humanos acorrentados, vêm as sombras e pensam que elas são a realidade.

                                
                                    O Mito da Caverna 


   De acordo com a história formulada por Platão, existia um grupo de pessoas que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a fixarem-se unicamente para a parede que ficava no fundo da caverna.
   Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam ao redor da luz do fogo imagens de objetos e seres, que tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os prisioneiros ficavam observando.
   Como estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas projeções a realidade.
   Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna conseguiu se libertar das correntes e saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna.
   No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações e experiências que existiam no mundo exterior.
   As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo.




                      Interpretação do Mito da Caverna



   Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem, enquanto que as correntes significam a ignorância que prendem os povos, que pode ser representada pelas crenças, culturas e outras informações de senso comum que são absorvidas ao longo da vida.
   As pessoas ficam presas a estas ideias pré-estabelecidas e não buscam um sentido racional para determinadas coisas, evitando a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo contentar-se apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras pessoas.
   O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade.
   Assim como aconteceu com seu mestre, Sócrates, que foi morto pelos atenienses devido aos seus pensamentos filosóficos que provocavam uma desestabilização no “pensamento comum”, o protagonista desta metáfora foi morto para evitar a disseminação de ideias “revolucionárias”.
   O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor do mundo, que preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo dominante, por exemplo.

https://www.significados.com.br/mito-da-caverna/

sábado, 14 de outubro de 2017

                                        "ZEUS: O DEUS DOS DEUSES"!

   "O principal deus da mitologia grega é ZEUS, deus dos trovões, senhor do Olimpo. Ele é considerado, na Grécia Antiga, o deus dos deuses. O nome ZEUS, em grego, significa “rei divino”. ZEUS era filho mais jovem do casal de titãs Cronos e Rea".

     Zeus: deus grego
     Imagem internet


   Zeus , o deus da mitologia grega, senhor dos homens e supremo mandatário dos deuses que habitavam o monte Olimpo. A imagem de Zeus era representada por um homem forte, barbudo, de aspecto majestoso, com um raio na mão e uma águia a seu lado.
   Zeus, senhor dos deuses e dos homens, surgiu na Grécia Antiga numa época em que proliferaram vários deuses nos mitos tribais, como tentativa de explicar os fenômenos naturais ou como garantia de vitória nas guerras, de boa colheita, de sorte no amor etc. Zeus é filho de Cromos (o mais forte dos titãs) e de Rea, sua irmã.
   Diz a lenda que do casamento de Gaia (mãe terra) e Urano (céu) nasceram os titãs, ciclopes e gigantes, que personificavam as coisas grandes e poderosas da terra: montanhas, terremotos, furações etc. Cromos (o mais forte dos titãs), casou-se com sua irmã Rea e tiveram seis filhos. Zeus, Poseidon, Plutão, Hera, Héstia e Deméter.
   Temendo a rivalidade entre os filhos, Cromos os “devorou” logo ao nascer, exceto Zeus, que Rea escondeu numa caverna no bosque de Creta, e colocou uma pedra em seu lugar para ser devorada.         Entre outras lendas, Zeus teria sido criado por Melissa, que o alimentou com leite de cabra e mel.       Quando se tornou adulto, Zeus derrotou o pai e obrigou-o a ressuscitar seus irmãos. Libertou também os ciclopes da tirania de Cromos, e eles em recompensa deram-lhe as armas do trovão e do relâmpago.
   Zeus tornou-se senhor dos homens e supremo mandatário dos deuses que habitavam o monte Olimpo. Tinha o poder dos fenômenos atmosféricos e com sua mão direita mandava chuva para as plantações. Casou-se com sua irmã Hera (deusa protetora do casamento, da vida e da mulher), que também havia sido salva por sua mãe. Teve ainda muitas outras esposas, entre elas, Métis (deusa da prudência) e Têmis (deusa da justiça).
   Zeus tinha os seus súditos olímpicos e os mais famosos eram seus filhos, Febo, (deus do sol), Artêmis (deusa da lua e da caça), Hermes (alado mensageiro dos deuses), Ares (deus da guerra), Dionísio (deus do vinho e dos bacanais), Afrodite (deusa da beleza e do amor) e Palas Atena (deusa da sabedoria).
   Com Mnemosyne (deusa da memória), Zeus teve diversas filhas que eram musas semidivinas que os gregos também veneravam: Clio (musa protetora e inspiradora da história), Euterpe (da música), Talia (da comédia e da poesia), Melpômene (da poesia trágica), Erato (da poesia amorosa), Terpsícore (da dança e canto), Polimnia (da oratória e poesia sacra), Urânia (da astronomia) e Calíope (da poesia épica e da eloquência).
   A mitologia grega foi adotada por Roma quando a Grécia passou a fazer parte do Império Romano. Os deuses gregos se misturaram a outros já existentes. Júpiter, que tinha várias atribuições (era deus da cidade, do raio, do trovão) e diferentes nomes, segundo as funções, identificou-se com Zeus, pai dos deuses e senhor supremo do mundo.
   As ruínas do templo de Zeus Olímpico, dedicado a Zeus, com suas colunas monumentais estão localizadas no centro de Atenas, na Grécia. Construído no governo de Pisistrato, durante o século VI a. C., só foi terminado no ano 131 a. C., pelo Imperador Adriano.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

               A criação do mundo na Grécia Antiga


   "A criação do mundo sempre foi um problema para a mente humana e sua curiosidade insaciável. Os povos antigos, que não tinham informações sobre o assunto como nós, proveniente das Escrituras, tinham sua própria visão sobre o assunto.
   Para eles, antes de serem criados o mar, a terra e o céu, todas as coisas apresentavam um aspecto que se dava o nome de Caos – uma informa e confusa massa, na qual estavam latentes as sementes de todas as coisas. A terra, o mar e o ar estavam todos misturados, sem suas características de solido, liquido ou transparente. Deus e a Natureza interferiram nessa discórdia, colocando ordem nas coisas.
   A terra e o mar se separaram e ambos foram separados do céu. A parte ígnea, que era a mais leve, foi colocada no firmamento, o ar ficou em seguida, em relação ao peso e lugar. A terra, sendo mais pesada, ficou mais abaixo e a água ocupou o ponto mais inferior, fazendo a terra flutuar.
   Nesse momento, um deus não identificado, colocou as coisas em ordem na terra, determinando aos rios e lagos os lugares que ocupariam, levantou montanhas, cavou vales, espalhou bosques, fontes campos férteis e planícies árida. Ordenou aos peixes que tomassem posse do mar, às aves , do ar e aos quadrúpedes, que dominassem a terra.
   Após essa ordenação, tornou-se necessário a criação de um ser superior aos demais, e assim foi criado o homem. Não foi dito se o criador do homem utilizou materiais divinos, ou se na terra, recentemente separada dos demais elementos havia sementes celestiais ocultas.
   Prometeu, que era Titã, uma raça que habitou a terra antes do homem, foi indicado para essa criação e, tomando um pouco de terra e misturando com água, criou o homem á semelhança dos deuses, dando-lhe uma postura ereta, de modo que enquanto os outros animais têm o rosto voltado para a terra, o homem levanta a cabeça para o céu e olha as estrelas.
   Prometeu e seu irmão Epimeteu ficaram encarregados da criação do homem e dos demais animais e garantir-lhes as condições necessárias à sua sobrevivência. Dessa forma, Epimeteu deu a uns asas, a outros velocidade e a outros couraças de proteção, porém, quando chegou a vez do homem, os recursos tinham sido usados nos demais seres.
   Epimeteu com a ajuda de seu irmão Prometeu, pediu à Minerva (deusa da sabedoria) que os auxiliasse a concluir a criação do homem e Minerva concedeu-lhes o domínio sobre o fogo e este foi dado ao homem, o que fez com que este tivesse superioridade sobre as demais criaturas".

Fonte:
Bulfinch, Thomas, O livro de ouro da mitologia: (a idade da fábula): histórias de deuses e heróis – 9ª edição – Rio de Janeiro – Ediouro – 2000.
Arquivado em: Grécia Antiga, Mitologia Grega.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

'Sou nazista, sim': o protesto da extrema-direita dos EUA contra negros, imigrantes, gays e judeus.

*crédito:
  • 12 agosto 2017


Centenas de homens e mulheres carregando tochas, fazendo saudações nazistas e gritando palavras de ordem contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus.

   Foi a cena - surreal, para muitos observadores - que desfilou aos olhos da pacata cidade universitária de Charlottesville, no Estado americano de Virgínia.
   O protesto, na noite da sexta-feira, foi descrito pelos participantes como um aquecimento para o evento "Unir a Direita", que acontece na tarde deste sábado na cidade e promete reunir mais de mil pessoas, incluindo os principais líderes de grupos associados à extrema direita no país.
   A cidade, de pouco mais de 50 mil habitantes e a apenas duas horas de Washington, foi escolhida como palco dos protestos após anunciar que pretende retirar uma estátua do general confederado Robert E. Lee de um parque municipal.
   Durante a Guerra Civil do país (1861-1865), os chamados Estados Confederados, do sul americano, buscaram independência para impedir a abolição da escravatura. Atualmente, várias cidades americanas vêm retirando homenagens a militares confederados - o que tem gerado alívio, de um lado, e fúria, de outro.



   Os participantes do protesto desta sexta-feira carregavam bandeiras dos Confederados e gritavam palavras de ordem como: "Vocês não vão nos substituir", em referência a imigrantes; "Vidas Brancas Importam", em contraposição ao movimento negro Black Lives Matter; e "Morte aos Antifas", abreviação de "antifascistas", como são conhecidos grupos que se opõem a protestos neonazistas.
   Estudantes negros do campus da universidade da Virginia, onde ocorreu a marcha, e jovens que se apresentavam como antifascistas tentaram fazer uma "parede-humana" para impedir a chegada dos manifestantes à parada final do marcha, uma estátua do terceiro presidente americano, Thomas Jefferson.
   "Fogo! Fogo! Fogo!", gritavam os manifestantes, enquanto se aproximavam do grupo de estudantes.
   Em número bem menor, o grupo que fazia oposição à marcha foi expulso da estátua em poucos minutos. A reportagem flagrou homens lançando tochas sobre os estudantes, enquanto estes, por sua vez, dispararam spray de pimenta nos olhos dos oponentes.
   A polícia, que acompanhou todo o protesto de longe, interviu e separou os dois grupos, enquanto ambulâncias se deslocavam ao local para socorrer feridos pelo confronto.
   "Esta manifestação é ilegal", afirmou um dos oficiais aos manifestantes, que se afastaram. A polícia não confirmou se houve presos.

    Nazis

   "Sim, eu sou nazista, eu sou nazista, sim", afirmou um homem, em frente à reportagem, durante uma discussão com um dos membros do grupo opositor.
   Ao contrário das especulações anteriores, a marcha incluiu muitas mulheres, que também seguravam tochas.


   A BBC Brasil conversou com um pai e uma mãe que levaram a filha de 14 anos ao protesto. "Eu aprendi com meu pai que precisamos defender a raça branca e hoje estou passando este ensinamento para a minha filha", afirmou o pai.
   "Se não fizermos algo, seremos expulsos do nosso próprio país", disse a mãe. A conversa foi interrompida por um homem forte e careca. "Vocês estão falando com um estrangeiro. Olha o sotaque dele!", afirmou, rindo, em referência ao repórter.
   A família se afastou e se juntou ao coro, que cantava "Judeus não vão nos substituir". Os três seguravam tochas.
   Outro homem afirmou que estava ali porque "têm o direito de se expressar".
   "Gays, negros, imigrantes imundos, todos eles se manifestam e recebem apoio por isso. Porque quando homens brancos decidem gritar por seus direitos e sua sobrevivência vocês fazem esse escândalo?", questionou o homem a um grupo de jornalistas.
   Perto dali, sozinho, um rapaz jovem estendia a mão e fazia uma saudação nazista, enquanto era fotografado por fotojornalistas e gritava: "Vocês não vão nos substituir".
   As tochas são uma marca da Ku Klux Klan, grupo fundado pouco depois da guerra por ex-soldados confederados - derrotados no conflito. Originalmente concebida como um clube recreativo, a KKK rapidamente começou a promover a violência contra populações negras do sul dos EUA.
   Por muitas décadas, grupos supremacistas brancos promoveram linchamentos, enforcamentos e assassinatos de negros.

    Richard Spencer, fundador do termo alt-right, que estará presente nos eventos deste sábado

   Não houve referências ao presidente americano Donald Trump durante todo o ato. Mas as críticas à imprensa eram constantes e faziam coro com o slogan de Trump: "Não temos medo de 'fake news', seus mentirosos".
   Chorando muito, uma estudante era amparada por amigos. "É pior do que a gente pensava. É muito pior. Isso vai virar um inferno."
   "A negra está assustada!", gritou uma mulher, rindo junto a um grupo de homens portando tochas.

 Alt-right

   O prefeito de Charlottesville divulgou uma nota após a marcha, classificando o ato como "uma parada covarde de ódio, fanatismo, racismo e intolerância".
   "A Constituição permite que todo mundo tenha o direito de expressar sua opinião de forma pacífica, então aqui está a minha: não só como prefeito de Charlottesville, mas como membro e ex-aluno da universidade de Virginia, fico mais do que incomodado com essa demonstração não-autorizada e desprezível de intimidação visual em um campus universitário".
   Para o protesto deste sábado, são esperadas figuras como Richard Spencer, criador do termo alt-right, uma abreviação de "alternative right", ou "direita alternativa", em português. O grupo é acusado de racismo e antissemitismo e têm representantes no governo de Donald Trump.
   Esta é a segunda vez que a cidade se torna sede de protestos de grupos supremacistas. Em 8 de julho, aproximadamente 40 membros da sede local da Ku Klux Klan também acenderam tochas em Charlottesville.
   Presidente de um organização que define como "dedicada à herança, identidade e ao futuro de pessoas de ascendência europeia nos EUA", Spencer ganhou visibilidade internacional por fazer a saudação "Hail Trump, hail nosso povo, hail vitória", logo após a eleição do republicano.
   Formado em filosofia política na Universidade de Chicago, Spencer já declarou que o ativista negro Martin Luther King Jr. era uma "fraude" e um símbolo da "desconstrução da Civilização Ocidental".
   Também disse que imigrantes latinos nos EUA estavam "se assimilando ao longo das gerações rumo à cultura e ao comportamento dos afro-americanos" e lamentou que o país estivesse se tornando diferente da "América Branca que veio antes".

fonte: BBC Brasil.


quinta-feira, 13 de julho de 2017


                                                        Guerras Médicas

    As Guerras Médicas, em que batalharam gregos contra persas, ocorreu na Grécia Antiga no século V a.C. e é também conhecida como Guerras Persas, Pérsicas, Medas, Greco-Persas ou Guerras Greco- Pérsicas.

   A causa da guerra se deveu ao fato de que os persas estavam expandindo o seu território, a conquistar colônias gregas e dominavam, assim, o comércio do Mar Egeu. Os gregos não aceitavam essa hegemonia e entraram na disputa pelas terras da Ásia Menor.
   As Guerras Médicas são assim conhecidas não pelo fato de vários médicos terem participado nas batalhas, mas sim porque o povo persa era também chamado de medo-persa.

   As Guerras Médicas foram os confrontos entre gregos e persas durante o século V a.C. que foram provocados pela disputa sobre a região da Jônia na Ásia Menor. As colônias gregas tentaram se livrar do domínio persa e garantir a hegemonia sobre um importante ponto estratégico de comércio.

   O Império Persa se estruturou transformando em um grande e poderoso império antigo, a iniciativa de expandir o poderio rumo ao Ocidente teve como consequência a conquista de colônias gregas na Ásia Menor. O Império Persa conquistou inicialmente a Lídia em torno do ano 546 a.C., a partir de então se abria um corredor para o domínio das sequentes colônias gregas na Jônia. Uma das mais importantes colônias gregas na região era Mileto, que se revoltou contra o domínio persa com o auxílio de Atenas. As revoltas promovidas pelas colônias gregas na Jônia causaram a ira do rei dos persas, Dario I, este resolveu então enviar seu poderoso exército para punir a Grécia Continental, tinham início as Guerras Médicas.

   As Guerras Médicas eclodiram por causa do choque de interesses das cidades-Estado gregas e o Império Persa, que almejavam dominar o comércio do Oriente Próximo, e pelo próprio fato da revolta das cidades gregas na Jônia, especialmente Mileto, com o apoio de Atenas e Erétria.
   A primeira Guerra Médica aconteceu em 490 a.C. quando o rei Dario I dos persas enviou seu numeroso exército dotado de 60 navios para a Grécia Continental, atacando Naxos e Erétria. O ateniense Milcíades assumiu o comando do lado grego e com seus 10 mil soldados conseguiu barrar o desembarque de aproximadamente 50 mil persas que seguiriam em sentido à Atenas. Os gregos derrotaram os persas na Batalha de Maratona e conseguiram impedir o avanço dos inimigos.
   A segunda Guerra Médica aconteceria dez anos mais tarde. Os persas não se deram por vencidos na primeira derrota e em 480 a.C. quando Xerxes, filho de Dario I, era o rei persa, resolveram atacar a Grécia na primavera daquele ano. As cidades gregas se organizaram para fortificar uma defesa, tendo as cidades de Esparta e Atenas como líderes. Os persas avançaram e venceram os gregos nas cidades de Termópilas e Artemision até a invasão e saque da cidade de Atenas. Os gregos possuíam vários conflitos entre eles mesmos, mas diante da situação de domínio persa conseguiram se entender e a frota ateniense sob o comando de Temístocles conseguiu derrotar os persas na Batalha de Salamina e dar um novo rumo à guerra. O ataque persa continuou e alguns meses depois o espartano Pausânias comandava o exército grego que venceu as tropas persas em Platéia, já em 479 a.C., encerrando a tentativa de invasão do império de Xerxes.
   Após a segunda Guerra Médica os gregos tiveram receio de que os persas pudessem tentar nova invasão, Atenas fundou então uma organização com outras cidades gregas chamada de Confederação de Delos para combater os persas. As cidades envolvidas na Confederação de Delos se comprometiam a contribuir anualmente com dinheiro, homens e barcos. Entretanto os anos passaram e a esperada invasão persa não havia acontecido desde a criação da Confederação de Delos em 478 a.C., Atenas aproveitou-se da posição privilegiada na organização para se beneficiar impulsionando seu comércio e impondo sua hegemonia ao mundo grego.
   A terceira Guerra Médica aconteceu finalmente no ano 468 a.C. em novo combate entre gregos e persas dessa vez na Ásia Menor. O ateniense Címon, filho de Milcíades que era líder da primeira Guerra Médica, tal como seu pai, derrotou também os persas. Nesta ocasião, persas e gregos assinaram um tratado em Susa no qual os persas reconheciam o domínio grego sobre o Mar Egeu.
   As Guerras Médicas trouxeram como consequência para Grécia a hegemonia de Atenas sobre as cidades gregas, o revigoramento da democracia, a decadência do Império Persa, a criação da Confederação de Delos e a rivalidade entre Atenas e Esparta. Os gregos conseguiram impedir a presença dos persas em seu território após três vitórias, mas os persas continuaram tendo influência sobre as cidades gregas por todo o Período Clássico.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_Médicas
Arquivado em: Antiguidade, Civilização Persa, Grécia Antiga



quinta-feira, 6 de julho de 2017

                    Reforma Protestante


  No século 16, na Europa central, foi iniciado um movimento de renovação da Igreja cristã denominado Reforma Protestante. Já no final da Idade Média vários fatores contribuíram para que isso ocorresse: a formação dos Estados Nacionais ou as modernas nações europeias, com toda a descentralização política e com príncipes limitando a autoridade do Imperador e com forte tensão entre o Estado e a Igreja.
  O poder do papado entrou em declínio, ocorreram confrontos com reis, divisões entre os próprios clérigos e a necessidade de reforma. Houve um Grande Cisma e até mesmo 3 papas rivais em lugares diferentes, de 1378 a 1417. O movimento Conciliar buscou solução para a crise numa tentativa fracassada de democratizar a Igreja e governa-la por meio de concílios. Os movimentos dissidentes na França acarretaram forte oposição e a Inquisição fora oficializada em 1233.
  Nos séculos 14 e 15 alguns movimentos esporádicos de protestos surgiram contra os ensinos e práticas da Igreja medieval e alguns líderes foram chamados de pré-reformadores: João Wycliff (1325-1384), João Huss (~1372-1415) e Jerônimo Savonarola (1452-1498), por combaterem irregularidades e imoralidades do clero, condenar superstições, peregrinações, veneração de santos, celibato e as pretensões papais. Também outros movimentos romperam com a Igreja, os movimentos devocionais como o misticismo, a Devoção Moderna dos Irmãos da Vida Comum. Também nasceu o interesse em estudar as obras da Antiguidade pelos Renascentistas e isso levou alguns “humanistas bíblicos” ao estudo da Bíblia nas línguas originais.
  Muita convulsão política, social e religiosa havia no final da idade média, revoltas dos camponeses, guerras, epidemias, o declínio do feudalismo e da liderança dos Papas e da Igreja. A população se ressentia dos abusos da Igreja e da sua falta de propósitos e corrupção.
  Muita violência, baixa expectativa de vida, contrastes e desigualdades sociais e econômicas às vésperas da Reforma, havia até mesmo certa revolta com a chamada “matemática da salvação” ou religiosidade contábil que tratava pecados como débitos e as boas obras como créditos e a venda de “indulgências” para perdão das penas temporais do pecado.

  Quando o dominicano Tetzel foi vender indulgências em Wittemberg, Martinho Lutero (1483-1546), se pronunciou contrário. Lutero, natural de Eisleben, ingressou no mosteiro de Erfurt e tornou-se professor na Universidade de Wittemberg. Diante das indulgências, ele afixou na porta da Igreja da cidade, em 31 de outubro de 1517, 95 Teses ou convites para o debate na comunidade acadêmica, desafiando a autoridade da Igreja. Por isso, foi acusado de heresia e chamado a Roma, em 1518, mas recusou-se a ir e manteve suas posições. Em 1519, participou de debate e afirmou que o “infalível” Papa podia errar.
  Em 1520, recebeu uma “Bula papal” para retratar-se ou seria excomungado. E Lutero, estudantes e professores de Wittemberg queimaram a Bula em praça pública. Também escreveu livros e tornou-se popular e notório em toda a Europa. Em 1521, na Dieta de Worms, Lutero reafirmou suas ideias e precisou se refugiar no castelo de Wartburg sob proteção de um príncipe-eleitor. Ali Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e a “reforma luterana” se espalhou rapidamente, com o apoio de vários principados alemães, por todo o sacro Império.
  Mas, houve forte oposição católica às novidades luteranas. Em 1526, houve certa tolerância. Mas, como em 1529 acabou essa política conciliadora, os líderes luteranos fizeram um “protesto” formal de apoio a Lutero e isso deu origem ao nome histórico “protestantes”. O auxiliar de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560) apresentou ao Imperador a “Confissão de Augsburgo”, defendendo a doutrina luterana (21 artigos) e indicando 7 erros da Igreja Romana.
  Ocorreram guerras político-religiosas entre católicos e protestantes, de 1546 a 1555, findando com o tratado de “Paz de Augsburgo”, reconhecendo a legalidade do luteranismo como religião oficial de um território cujo príncipe a adotasse como tal. O protestantismo se espalhou pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram defendidos princípios básicos que caracterizaram as convicções e práticas protestantes: os cinco “Solas”: Sola Scriptura (somente as Escrituras), solus Christo (salvação somente em Cristo), sola gratia (salvação somente pela graça divina), sola fides (salvação somente pela fé), soli Deo gloria (glória dada somente a Deus), além do sacerdócio universal dos cristãos.
  Outro reformador que marcou época foi Ulrico Zwínglio (1484-1531), reformador da Suíça, no movimento chamado “segunda Reforma” que deu origem às Igrejas Reformadas na Suíça alemã e no sul da Alemanha, promovendo mudanças mais radicais que os luteranos.
  Os reformadores radicais ou Anabatistas (rebatizadores) geraram o terceiro movimento reformado, também em Zurique, Suíça, sendo mais fanáticos, entusiastas e radicais. Os anabatistas defenderam a separação completa entre igreja e estado.
  O grande reformador do século 16 foi João Calvino (1509-1564), francês que se refugiou em Genebra, estudou teologia e humanidades, Direito. Esteve em Genebra por duas vezes, de 1536 a 1538, e de 1541 até ao final de sua vida. A cidade se tornou o grande centro do protestantismo e preparou líderes para toda a Europa, além de abrigar muitos refugiados das guerras religiosas. O calvinismo foi o mais completo sistema teológico protestante e originou as Igrejas Reformadas (Europa continental) e presbiterianas (Ilhas britânicas).
  A Reforma Protestante ocorreu na Inglaterra com a atuação de refugiados que voltaram de Genebra. Contribuíram também, o anticlericalismo dos ingleses, os ensinos luteranos desde 1520, a tradução da Bíblia para o inglês. Mas, principalmente o rei Henrique VIII (1491-1547), com seus muitos casamentos e desentendimentos com o catolicismo, até que seu sucessor Eduardo VI (1547-1553) e seus tutores implantaram a Reforma no país e cessaram as perseguições. Sintetizaram as doutrinas luteranas e calvinistas, além dos traços da liturgia católica e, no reinado de Elisabeth I, a Inglaterra tornou-se oficialmente protestante, criando a Igreja Anglicana.
  Na Escócia, o protestantismo foi introduzido por John Knox, discípulo de Calvino, e criou o conceito político-religioso de “presbiterianismo”, com igrejas governadas por oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros, livres da tutela do Estado.
  De fato, esses protestantes não queriam inovar, mas restaurar antigas verdades bíblicas que a Igreja havia esquecido ou trocado por suas tradições humanas. Valorizaram as Escrituras, a salvação pela graça divina e pela fé somente, sem as obras.

Por Armando Araújo Silvestre
Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011)
Doutor em Ciências da Religião (Umesp, 2001)
Mestre em Teologia e História (Umesp, 1996)
Licenciado em Filosofia (Unicamp, 1992)
Bacharel em Teologia (Mackenzie, 1985)


domingo, 28 de maio de 2017

                          GUERRA DOS CEM ANOS


  Do ponto de vista histórico, podemos ver que a Guerra dos Cem Anos foi um evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais inglesa e francesa. Não por acaso, vemos que esse conflito girou em torno dos territórios e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer monarquia daquela época. Sendo assim, vemos que tal evento manifesta significativamente a centralização política que se desenvolveu nos fins da Idade Média.

  Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da região de Flandres.

brasilescola.uol.com.br/historiag/guerra-cem-anos.htm

Data: 1337 – 1453

Local: França e Inglaterra.

Desfecho: Vitória francesa decisiva e consolidação da Monarquia na França.
Mudanças territoriais A Casa de Valois garante o controle de toda a França, menos Pas-de-Calais


  Foi um dos maiores conflitos da Idade Média, entre duas das principais potências européias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século – segundo a definição dos historiadores, tudo começou em 1337, para terminar só em 1453. “Não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas que incluíram várias batalhas”, diz a historiadora Yone de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para entender a origem de tanta briga é preciso recuar no tempo. Em 1066, um duque da Normandia (território francês) chamado Guilherme conquistara a Inglaterra, tornando-se seu rei. Tanto Guilherme quanto seus sucessores eram, ao mesmo tempo, donos do trono inglês e também súditos do rei da França, já que tinham herdado terras naquele país. Séculos depois isso criaria muita encrenca.

  Em 1328, o rei francês Carlos IV morreu sem deixar um herdeiro. O então rei da Inglaterra, Eduardo III, considerou-se um pretendente legítimo ao trono vago, pois, além de súdito, era sobrinho de Carlos IV. O problema era que outros nobres franceses reivindicavam o mesmo trono e uma assembléia acabou escolhendo um conde chamado Felipe – que ganhou o título de Felipe VI. A relação de desconfiança entre os monarcas dos dois reinos e a disputa entre eles por territórios franceses – Eduardo III tinha herdado os direitos sobre as regiões da Gasconha, da Guiana e de Ponthieu – resultou na guerra. A França tinha uma população quase quatro vezes maior que a da Inglaterra e também era mais rica, mas não se encontrava tão unida e organizada enquanto nação. A Inglaterra, por sua vez, possuía uma monarquia mais forte e se deu melhor no início da guerra.

  Não houve uma grande expansão, mas, ao final da primeira fase do conflito, em 1360, tratados asseguraram aos ingleses a total soberania sobre as terras que possuíam na França. Nas décadas seguintes, conflitos internos levaram os dois países a se concentrarem mais nos problemas domésticos e a guerra entrou numa fase de paz não-declarada, rompida de quando em quando. Por volta de 1420, um novo rei inglês, Henrique V, decidiu aproveitar uma crise entre o monarca francês e alguns nobres para reivindicar novamente o trono da França, dando início a mais um período turbulento. Essa fase final do conflito, porém, foi favorável aos franceses. Comandados por um novo rei, Carlos VII, e com exércitos mais organizados, eles expulsaram os ingleses da Normandia, da Guiana e da Gasconha. A famosa batalha na cidade francesa de Castillon, em 1453, é hoje considerada pelos historiadores o fim da longa guerra, embora nenhum acordo tenha sido assinado e eventuais conflitos tenham continuado a ocorrer.

  “A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais”, diz Yone. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na França) da idéia de nação, que unificou países antes divididos em territórios controlados por nobres.

Ponto estratégico.

  Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses na Idade Média

Arma poderosa.

  A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de transportar e de ser disparada por um homem a cavalo.

Batalha shakespeariana.

..Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram derrotar 25 mil cavaleiros franceses

..Momentos Decisivos Os grandes cercos e batalhas se deram em território francês.

1. No início do século XIV, o rei da Inglaterra, Eduardo III, controlava os ducados da Gasconha e da Guiana e o condado de Ponthieu, territórios que herdou dentro das atuais fronteiras da França. Mas, em 1337, o rei francês Felipe VI ordenou o confisco das duas primeiras regiões – foi o estopim da guerra.

2. Outra causa importante do início do conflito foi a disputa pela região de Flandres, que enriquecera com a produção de tecidos, importando lã da Inglaterra. Apesar de estar economicamente vinculada aos ingleses, Flandres era um domínio francês. Quando começaram as hostilidades na Gasconha, o rei inglês desembarcou um exército em Flandres

3. A primeira grande batalha foi travada na cidade de Crécy em 1346 e acabou vencida pelos ingleses. Nela morreram o irmão do rei Felipe VI e cerca de 1 500 soldados franceses

4. Nas guerras medievais, grandes batalhas só aconteciam de vez em quando. Eram mais comuns os cercos a cidades e fortificações, que ficavam na mira de catapultas. A cidade portuária de Calais enfrentou um dos primeiros grandes cercos da guerra e resistiu por quase um ano diante dos ingleses, até a população se render em 1347, abalada pela fome

5. Em 1356, numa batalha em Poitiers, os ingleses tiveram outra importante vitória. Caçados por um exército comandado pelo próprio rei francês João II (sucessor de Felipe VI), eles se protegeram numa área pantanosa. Ao atacar, os cavaleiros franceses atolaram e foram dizimados por arqueiros. O rei João II foi feito prisioneiro e só libertado após aceitar tratados que garantiam à Inglaterra o controle de territórios na França

6. A virada na guerra viria após o cerco a Orleans, que durou sete meses, entre 1428 e 1429. Os franceses, encurralados, já estavam prontos para se render quando Joana D’Arc, camponesa transformada em grande guerreira, convenceu o rei francês a mandar tropas para a região. Os ingleses não resistiram e abandonaram o cerco. O episódio serviu para colocar na história o nome de Joana D’Arc e unir ainda mais os franceses

7. Em julho de 1453, tropas inglesas tentaram atacar uma fortificação francesa perto de Castillon. Elas foram derrotadas ao serem recebidas pela recém-introduzida artilharia de campanha – canhões que podiam ser transportados. Embates continuaram ocorrendo, mas essa batalha é considerada o marco histórico que encerra a Guerra dos Cem Anos.

FONTE: Mundo Estranho.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

                                               O que foi a Inquisição?


       imagem da internet

Também chamada de Santo Ofício, a Inquisição  foi um grupo de instituições dentro do sistema jurídico da Igreja Católica Romana, cujo objetivo era combater a heresia ( perseguir, julgar e punir pessoas acusadas de se desviar de suas normas de conduta contrárias as da igreja católica). Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição Moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX – preocupado com o crescimento de seitas religiosas – criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. “Qualquer um que professasse práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado herege”, afirma o historiador Rogério Luiz de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuando na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas – a mais comum era a excomunhão -, embora a tortura já fosse autorizada pelo papa para arrancar confissões desde 1252. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na Espanha de 1478.
Dessa vez, o alvo principal eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo secretamente. “A justificativa desse retorno da Inquisição era a necessidade de fiscalizar a fidelidade desses conversos”, diz outro historiador, Nachman  Falbel, da Universidade de São Paulo (USP). A verdade é que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia urbana que atrapalhava os interesses da nobreza e do alto clero. O apoio dos reis logo aumentou o poder do Santo Ofício, que, para piorar, passou a considerar como heresia qualquer ofensa “à fé e aos costumes”. Por exemplo, quem usasse toalhas limpas no começo do sábado ou não comesse carne de porco era acusado de Judaísmo. A lista de perseguidos também foi ampliada para incluir protestantes e iluministas, homossexuais e bígamos.
As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira, da prisão perpétua e do confisco de bens – que transformou a Inquisição numa atividade altamente rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que contivessem o banho de sangue. A migração de judeus expulsos da Espanha para Portugal, em 1492, fez com que a perseguição se repetisse com a criação do Santo Ofício lusitano, em 1536. O Brasil nunca chegou a ter um tribunal desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que 400 brasileiros foram condenados e 21 queimados em Lisboa, para onde eram mandados os casos mais graves. Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinção do Santo Ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.

                           
                              A caminho da fogueira. 


Na Espanha e em Portugal, a Inquisição abusava da crueldade para punir quem se desviasse da fé católica.

                                                  O JULGAMENTO

A. A CHEGADA DA INQUISIÇÃO

Um grupo de monges do Santo Ofício chegava à aldeia e reunia toda a população na igreja. No chamado Período de Graça, que durava um mês, convidavam os pecadores a admitirem suas heresias. Quem se confessasse, em geral se livrava das penas mais severas

B. AS INVESTIGAÇÕES

Quem não aproveitasse o Período de Graça poderia ser denunciado. Como a Inquisição incentivava a delação, o pânico era generalizado: todos eram suspeitos em potencial. O acusado era convocado a se defender no tribunal

C. A SENTENÇA

O suspeito era interrogado por três inquisidores. Um deles, o inquisidor-mor, dava a sentença final. A defesa era difícil: raramente o réu tinha direito a um advogado. Para arrancar confissões, o Santo Ofício colocava espiões no encalço do suspeito e recorria a tenebrosas práticas de tortura

                                                      
                               
                                                       AS TORTURAS


A. ESCALA DE PUNIÇÕES

O inquisidor-mor variava a crueldade dos castigos conforme a heresia. Os mais leves incluíam deixar o acusado acorrentado, sem comer nem dormir por vários dias. Mas os relatos históricos registram outros bem mais dolorosos, como os aparelhos chamados potro e extensão. Para amedrontar os acusados, os carrascos faziam uma demonstração de como funcionavam esses dispositivos. Para abafar os gritos, era comum colocarem colchões nas portas

B. O POTRO

O livro Prisioneiros da Inquisição traz a história de Jean Coustos, mestre da loja maçônica de Lisboa, condenado pelo tribunal. Coustos passou pelos horrores do potro em 1743: “Me prenderam com uma argola no pescoço, um anel de ferro em cada pé e oito cordas que passavam por furos no cadafalso. Ao sinal dos inquisidores, elas foram puxadas e apertadas pelos carrascos. As cordas entravam na carne até os ossos e faziam jorrar sangue. Repetiram a tortura por quatro vezes. Perdi a consciência e fui levado de volta à minha cela sem perceber”

C. A EXTENSÃO

Seis semanas depois, o maçom foi submetido a outra tortura: a extensão. “As cordas, puxadas por um torniquete, faziam com que os punhos se aproximassem um do outro, por trás. Puxaram tanto que as minhas mãos se tocaram. Desloquei os dois ombros e perdi muito sangue pela boca. Repetiram três vezes o mesmo tormento antes de me devolverem à cela”. Nos meses seguintes, Coustos ainda sofreu mais uma série de torturas até confessar. Foi condenado a quatro anos de trabalhos forçados em 1744


                                                      AS SENTENÇAS

A. O AUTO-DE-FÉ

Assim era chamada a cerimônia pública em que se liam as sentenças do tribunal. Os autos-de-fé geralmente ocorriam na praça central da cidade e eram grandes acontecimentos. Quase sempre o rei estava presente. As punições iam das mais brandas (como a excomunhão) às mais severas (como a prisão perpétua e a morte na fogueira)

B. QUEIMADOS VIVOS… OU MORTOS

A execução na fogueira ficava a cargo do poder secular. Se o condenado renunciasse às heresias ao pé do fogo, era devolvido aos inquisidores. Se sua conversão à fé católica fosse verdadeira, ele podia trocar a morte pela prisão perpétua. Quando descobria-se que um defunto havia sido herético, seu cadáver era desenterrado e queimado

C. MARCAS DA HUMILHAÇÃO

Para serem vistos pelo público, os prisioneiros subiam em um palco. Os que eram obrigados a vestir as chamadas marcas de infâmia, como a cruz de Santo André, chegavam a ser agredidos pela multidão. Outros levavam velas e vergastas nas mãos para serem chicoteados pelo padre durante a missa

                                       

                                          O MAIS DESUMANO INQUISIDOR


Fanático. Cruel. Intolerante. Nos registros históricos, não faltam adjetivos depreciativos para definir o frei dominicano Tomás de Torquemada (1420-1498), o mais duro inquisidor de todos os tempos. Organizador do Santo Ofício espanhol, ele era confessor e conselheiro dos reis Fernando e Isabel. Em 1483, essa influência rendeu-lhe a nomeação de inquisidor-geral, responsável pelos 14 tribunais na Espanha e suas colônias. Logo de cara, autorizou a tortura para obter confissões, ampliou a lista de heresias e pressionou os reis a substituir a tolerância religiosa pela perseguição aos judeus e aos conversos. Resultado: ao final de sua gestão, mais de 170 mil judeus foram expulsos da Espanha e 2 mil pessoas viraram cinza nas fogueiras.

                       

                    ABAIXO IMAGENS DE ALGUNS INSTRUMENTOS DE TORTURA:


O Arranca-Seios



             Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes

Este é um instrumento usado primordialmente em mulheres, geralmente acusadas de abortos ou de adulterarem. Seu uso era simples, e consistia em esquentar o aparelho numa fogueira, prende-lo no seio exposto da vítima, e depois arranca-lo vagarosa ou lentamente, dependendo do que o inquisidor queria causar. Logo depois se deixava a mulher sangrando para que pudesse morrer de hemorragia, ou que fosse levada a loucura pela dor.

A Serra




                            Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes


A imagem já explica toda a diabrura desse instrumento, mas tem um adendo: o fato da vítima ser virada de cabeça pra baixo tem uma explicação científica. Com o sangue descendo todo para o cérebro, a vítima não desmaiava enquanto sofria de dores extremas, como é normal no corpo humano. Ao invés disso, ela só morria quando a serra chegava no abdômen, quando os serradores paravam, e esperavam que a pessoa terminasse sua agonia, o que poderia durar horas. Seu uso era muito incentivado pelo fato de serras serem baratas e facilmente encontradas em muitos cantos.

O Berço de Judas


     Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes



Esse instrumento era um pouco mais elaborado que o clássico empalamento popularizado por Vlad, o Drácula, mas parece muito pior, devido a lentidão com que a dor era infringida. A vítima era colocada com o ânus ou a vagina sobre a ponta do berço e era lentamente baixada através de cordas amarradas a ela. Parece simples, mas existe agravantes aí. Se ela demorasse a morrer – o que poderia levar dias – poderiam ser amarrados pesos nas suas pernas, para dar uma acelerada no processo. Mas se quisessem o efeito contrário, a vítima sofria sozinha. Fora que nunca lavavam o aparelho, o que produzia infecções dolorosas.

O Rack



                                  Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes



A vítima era colocada nessa mesa, e cordas eram amarradas nos seus membros superiores e inferiores. Um algoz se punha a enrolar a corda vagarosamente, até que as articulações se deslocassem, o que causava dor extrema na vítima. Alguns algozes mais afoitos chegavam a arrancar braços e pernas, matando por hemorragia. Mais tarde foram incorporadas lanças para estocar a vítima enquanto ela ia sendo esticada…

A Pêra


     Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes



Esse era o instrumento favorito a ser usado contra adúlteras e homossexuais. Esse aparelho era inserido no ânus ou na vagina (ou boca, se ele fosse um mentiroso) da vítima e através daquele engenho na ponta, ele se abria em duas partes ou mais partes, dilacerando o interior do inquirido. Raramente levava a morte, mas na verdade ela era, geralmente, apenas o início das dores do acusado.

O Corta-Joelhos


                       Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes

Os joelhos do acusado eram colocados no meio dessas garras, para serem esmagados lentamente. Às vezes, o aparelho – um dos preferidos pelos espanhóis – era aquecido, para aumentar a dor da vítima. Outras partes do corpo eram colocadas nas garras, como os pulsos, cotovelos, braços, ou as pernas. A idéia era inutilizar as articulações da vítima, ou o método servir como o início da tortura, visto que não era mortal em grande parte dos casos.

O Triturador de Cabeças


     Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes



Outro preferido e aperfeiçoado pelos espanhóis! A cabeça do inquirido era coloca numa barra de ferro, com o queixo apoiado na barra – algumas tinham recipientes especiais para os globos oculares – enquanto seu crânio era lentamente esmagado. O primeiro a quebrar era o maxilar, e algumas dezenas de minutos depois, a morte, após dores lancinantes. O cérebro às vezes escorria pelo nariz, ou pelas orelhas no processo, podendo o método ser usado como tortura, caso o algoz escolha ficar horas parado, apenas fazendo perguntas.

Empalamento



   Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes


Drácula, ou Vlad, O Empalador; foi o inventor desse aqui, na Romênia do século XV, de acordo com a tradição. A vítima era colocada sobre uma estava grande e pontuda. O tempo entre o início da punição e a morte, levava em torno de três dias. Alguns carrascos tinham cuidado para que a estaca entrasse no ânus e só saísse acima do queixo da vítima, o que aumentava a dor da vítima. Acredita-se que Vlad fez isso em torno de 20.000 a 300.000 vezes.


Dama de Ferro



     Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes

Provavelmente o mais famoso e conhecido método de tortura medieval. A vítima era colocada dentro dessa câmara de madeira cheia de pregos e superfícies pontudas, que continha uma abertura para que se pudesse interrogar a vítima, ou enfiar facas. Os pregos de dentro da Dama não atingiam os pontos vitais, com o intuito de atrasar a morte do torturado. Geralmente as regiões furadas eram os olhos, braços, pernas, barriga, peito e nádegas.


Mesa de Evisceração


     Fonte/Imagem: Nerd Somos Nozes

O torturado era deitado numa superfície com os pés e mãos imobilizados e logo acima dele existia uma manivela com espinhos. Um carrasco fazia uma incisão na altura do estômago e com um gancho preso a uma corrente, e através dele era retirado um pedaço do intestino, que era preso na manivela. Aos poucos a manivela era girada, e o intestino era enrolado nela.


Por  Mundo Estranho

sexta-feira, 24 de março de 2017

                                               A Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta pelo Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870. É também chamada Guerra da Tríplice Aliança (Guerra de la Triple Alianza), na Argentina e no Uruguai, e de Guerra Grande, no Paraguai.
Em 1864, o Brasil estava envolvido num conflito armado no Uruguai, que pôs fim à guerra civil uruguaia ao depor o governo uruguaio do ditador Atanásio Aguirre, do Partido Blanco e aliado de Francisco Solano López. O ditador paraguaio se opôs à invasão brasileira do Uruguai, porque contrariava seus interesses.
O conflito iniciou-se com o aprisionamento no porto de Assunção, em 11 de novembro de 1864, do barco a vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos, que nunca chegou a Cuiabá, morrendo em uma prisão paraguaia. Seis semanas depois, o exército do Paraguai sob ordens de Francisco Solano López invadiu pelo sul a província brasileira de Mato Grosso. Antes da intervenção brasileira no Uruguai, Solano López já vinha produzindo material bélico moderno, em preparação para um futuro conflito com a Argentina mitrista, e não com o Império.[4] Solano López alimentava o sonho expansionista e militarista de formar o Grande Paraguai, que abrangeria as regiões argentinas de Corrientes e Entre Rios, o Uruguai, o Rio Grande do Sul, o Mato Grosso e o próprio Paraguai. Objetivando a expansão imperialista, Solano López instalou o serviço militar obrigatório, organizou um exército de 80 000 homens, reaparelhou a Marinha e criou indústrias bélicas.
Em maio de 1865, o Paraguai também fez várias incursões armadas em território argentino, com objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Contra as pretensões do governo paraguaio, o Brasil, a Argentina e o Uruguai reagiram, firmando o acordo militar chamado de Tríplice Aliança.
O Império do Brasil, Argentina mitrista e Uruguai florista, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Império enviou em torno de 150 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram — alguns autores[ asseveram que as mortes no caso do Brasil podem ter alcançado 60 mil se forem incluídos civis, principalmente nas então províncias do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50% de suas tropas faleceram durante a guerra — apesar de, em números absolutos, serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome.
A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% do território em litígio para o Brasil e Argentina. Após a Guerra, por décadas, o Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira.
Foi o último de quatro conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata, em que o Império do Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana, tendo o primeiro sido a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata, e o terceiro a Guerra do Uruguai.

As causas da Guerra do Paraguai encontram-se nas rivalidades entre a Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, causadas pelos desentendimentos quanto às fronteiras entre os países, a liberdade de navegação dos rios platinos, as disputas pelo poder por parte das facções locais (federalistas e unitaristas na Argentina, e blancos e colorados no Uruguai) e rivalidades históricas de mais de três séculos.O motivo para o começo da guerra foi a intervenção do Brasil na política uruguaia entre agosto de 1864 e fevereiro de 1865. Para atender ao pedido do governador dos blancos de Aguirre, López tentou servir de intermediário entre o Império do Brasil e a República Oriental do Uruguai, mas, como o governo brasileiro não aceitou sua pretensão, deu início às inimizades. Assim começa o maior conflito armado ocorrido na América do Sul, a guerra do Paraguai (1864-1870), que serve como fim das lutas durante quase dois séculos entre Portugal e Espanha e, depois, entre Brasil e as repúblicas hispano-americanas pela hegemonia na região do rio da Prata.
Primeira fase: ofensiva paraguaia (1864-1865

  Invasão das províncias do Mato Grosso, Corrientes e Rio Grande do Sul.

As forças paraguaias, apesar das vitórias obtidas, não continuaram sua marcha até Cuiabá, a capital da província, onde o ataque inclusive era esperado — João Manuel Leverger havia fortificado o acampamento de Barão de Melgaço para proteger Cuiabá. O principal objetivo da invasão de Mato Grosso foi distrair a atenção do governo brasileiro para o norte do Paraguai, quando a decisão da guerra se daria no sul (região mais próxima do estuário do Prata). É o que se chama de uma manobra diversionista, destinada a iludir o inimigo.
A invasão de Corrientes e do Rio Grande do Sul foi a segunda etapa da ofensiva paraguaia. Para levar apoio aos blancos, no Uruguai, as forças paraguaias tinham que atravessar território argentino. Em março de 1865, López pediu ao governo argentino autorização para que o exército comandado pelo general Venceslau Robles, com cerca de 25 mil homens, atravessasse a província de Corrientes. O presidente Bartolomeu Mitre, aliado do Brasil na intervenção no Uruguai, negou-lhe a permissão. Em resposta a esta negativa, no dia 18 de março de 1865, o Paraguai declarou guerra à Argentina.
Na sexta-feira de 13 de abril de 1865, uma esquadra paraguaia de cinco belonaves, descendo o rio Paraná, aprisionou navios argentinos no porto fluvial de Corrientes. Em seguida, as tropas do general Robles tomaram a cidade. Ao invadir Corrientes, López pensava obter o apoio do poderoso caudilho argentino General Justo José de Urquiza, governador das províncias de Corrientes e Entre Ríos, chefe federalista hostil a Mitre e ao governo de Buenos Aires. A invasão da Argentina por López, entretanto, teve efeito oposto. Urquiza e outros federalistas argentinos simpatizavam com os blancos uruguaios. O assassinato do General blanco Leandro Gómez pelos colorados após a sua heróica defesa de Payssandú do ataque dos brasileiros e colorados em janeiro de 1865 causou ressentimentos nos federalistas argentinos. As ações de López deram aos federalistas argentinos apenas duas opções: lutar contra o invasor ou continuar neutros. Urquiza, inicialmente, prometeu lutar contra López. A atitude ambígua assumida por Urquiza, entretanto, manteve estacionadas as tropas paraguaias, que avançaram posteriormente cerca de 200 km em direção ao sul, mas terminaram por perder a ofensiva.
Em ação conjugada com as forças de Robles, uma tropa de dez mil homens sob as ordens do tenente-coronel Antonio de la Cruz Estigarribia cruzou a fronteira argentina ao sul de Encarnación, em maio de 1865, dirigindo-se para o Rio Grande do Sul. Atravessou-o no rio Uruguai na altura da vila de São Borja e a tomou em 12 de junho. Uruguaiana, mais ao sul, foi tomada em 5 de agosto sem apresentar qualquer resistência significativa ao avanço paraguaio.

                         A primeira reação brasileira


A primeira reação brasileira foi enviar uma expedição para combater os invasores em Mato Grosso. A coluna de 27.800 homens comandados pelo coronel Manuel Pedro Drago saiu de Uberaba, em Minas Gerais, em abril de 1865, e só chegou a Coxim em dezembro do mesmo ano, após uma difícil marcha de mais de dois mil quilômetros através de quatro províncias do Império. Mas encontrou Coxim já abandonada pelo inimigo. O mesmo aconteceu em Miranda, onde chegou em setembro de 1866. Em janeiro de 1867, o coronel Carlos de Morais Camisão assumiu o comando da coluna, reduzida a 1.680 homens, e decidiu invadir o território paraguaio, onde penetrou até Laguna, em abril. Perseguida pela cavalaria inimiga, a coluna foi obrigada a recuar, ação que ficou conhecida como a retirada da Laguna.
Apesar dos esforços da coluna do coronel Camisão e da resistência organizada pelo presidente da província, que conseguiu libertar Corumbá em junho de 1867, a região invadida permaneceu sob o controle dos paraguaios. Só em abril de 1868 é que os invasores se retiraram, transferindo as tropas para o principal teatro de operações, no sul do Paraguai.

                    O Tratado da Tríplice Aliança


Na verdade, o Brasil achava-se despreparado para entrar em uma guerra. Apesar de sua imensidão territorial e densidade populacional, o Brasil tinha um exército mal-organizado e muito pequeno. E, na verdade, tal situação era reflexo da organização escravista da sociedade, que, marginalizando a população livre não proprietária, dificultava a formação de um exército com senso de responsabilidade, disciplina e patriotismo. Além disso, o serviço militar era visto como um castigo sempre a ser evitado e o recrutamento era arbitrário e violento. As tropas utilizadas até então nas intervenções feitas no Prata eram constituídas basicamente pelos contingentes armados de chefes políticos gaúchos e por alguns efetivos da Guarda Nacional. Um reforço era, portanto, necessário. Para garantir um número de soldados suficientes o governo criou os batalhões de Voluntários da Pátria, cidadãos que se apresentavam para lutar inicialmente instigados pelo sentimento patrióticos, mas com o passar do tempo recrutados à força.[15] Muitos eram escravos enviados por fazendeiros e negros alforriados. A cavalaria era formada pela Guarda Nacional do Rio Grande do Sul.
Segundo o Tratado da Tríplice Aliança, o comando supremo das tropas aliadas caberia a Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina. E foi assim na primeira fase da guerra.


Uma pequena força de 3.846 homens sob o comando do General Wenceslao Paunero observou a atividade do inimigo. Percebendo que os paraguaios haviam deixado Corrientes deficientemente protegida ao marcharem para a margem leste do rio, o General embarcou suas tropas argentinas, juntamente com 364 brasileiros e 500 mercenários europeus, na esquadra brasileira, subiu o Rio Paraná e, em 25 de maio (o feriado nacional argentino) recapturaram Corrientes após árdua luta.
López imediatamente mandou tropas para retomar a cidade, enquanto as tropas incursoras recuavam, tendo mantido Corrientes por menos de vinte e quatro horas. A vitória aliada, apesar de efêmera, serviu para levantar o moral. O ataque também demonstrou a López a vulnerabilidade das linhas de comunicação de seu exército invasor.

                           A Batalha do Riachuelo

Batalha do Riachuelo, por Eduardo de Martino.
Foi no setor naval que o Brasil, mais bem preparado, infligiu, logo no primeiro ano de guerra, uma pesada derrota aos paraguaios na batalha do Riachuelo.
Na bacia do rio da Prata as comunicações eram feitas pelos rios; quase não havia estradas. Quem controlasse os rios ganharia a guerra. Todas as fortalezas paraguaias tinham sido construídas nas margens do baixo curso (parte do rio perto de sua foz) do rio Paraguai.
Em 11 de junho de 1865, no rio Paraná, travou-se a Batalha Naval do Riachuelo, na qual a esquadra comandada pelo chefe-de-divisão Francisco Manuel Barroso da Silva derrotou a esquadra paraguaia, comandada por Pedro Inacio Meza, cortando as comunicações com o tenente-coronel paraguaio Antonio de la Cruz Estigarribia, que estava atacando o Rio Grande do Sul. A vitória do Riachuelo teve notável influência nos rumos da guerra: impediu a invasão da província argentina de Entre Ríos, destruiu o poderio naval paraguaio (tornando-se impossível a permanência dos paraguaios em território argentino) e cortou a marcha, até então triunfante, de López. Ela praticamente decidiu a guerra em favor da Tríplice Aliança, que passou a controlar, a partir de então, os rios da bacia platina até a entrada do Paraguai. Desse momento até a derrota final, o Paraguai teve de recorrer à guerra defensiva.

                O Paraguai invade o Rio Grande do Sul

Simultaneamente ao ataque naval, uma força de 10.000 paraguaios atravessou a província argentina das Missões. Alcançando o Rio Uruguai, a força se dividiu em duas colunas e rumaram para o sul, marchando em ambas as margens do rio. O tenente-coronel Antonio de la Cruz Estigarribia, o comandante geral, liderou cerca de 7.500 homens na margem leste, e o Major Pedro Duarte comandou 5.500 homens na margem oeste. Os paraguaios encontraram pouca resistência dos argentinos na margem oeste ou dos brasileiros na margem leste. López acreditava que se conseguisse controlar o Rio Grande do Sul e invadir o Uruguai, os escravos brasileiros iriam sublevar-se e os recém expulsos blancos uruguaios voltariam a pegar em armas. Além disso, emissários paraguaios incitaram a sedição entre as tropas irregulares formadas por Urquiza em Entre Ríos. Urquiza, que havia recebido o comando da vanguarda aliada, voluntariou-se para retornar à província e restaurar a ordem. Em vez disso, ele retornou ao seu rancho, aumentou sua fortuna vendendo cavalos aos aliados, e as tropas irregulares desertaram para suas fazendas e ranchos.
O Coronel Estigarribia atravessou o Rio Uruguai e ocupou sucessivamente, de junho a agosto, as povoações de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. Os contatos com o Major Duarte foram interrompidos pelo assédio de duas embarcações armadas brasileiras, comandadas pelo Tenente Floriano Peixoto, e pelo pântano que os separavam.
O presidente uruguaio Flores decidiu atacar a menor das forças paraguaias. Em 17 de agosto, na batalha de Jataí, na margem direita do rio Uruguai, a coluna sob as ordens do major Pedro Duarte, a qual pretendia chegar ao Uruguai, foi detida por Flores.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai